O teu corpo deitado tem um sabor raro a coisas certas.

O imediato são os olhos. Seria um lugar-comum dizê-lo, portanto, não o digo. E, porém, é a primeira coisa em que se repara, porque é impossível olhar para outro lado. Tento resistir, mas qualquer resistência é vã. Enchem tudo. Meu deus, que imensidão. Há um deslumbre, um hipnotismo naquela luz, que chega a encandear. Como se de repente o universo estivesse ali e não houvesse mais questões no mundo que importassem resolver, órbitas translúcidas que nem berlindes num vislumbre da vida que ali se reflecte tão facilmente. Uma limpidez que não quero nunca que se esgote. Uma luz que nunca saberei dizer por mais que escreva e repita esta ideia de belo, matéria interminável dos seus olhos. Sucede-lhes como a certas coisas raras, certas. Não são de dizer, só de admirar. Só de amar.

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