A quem é pequeno, qualquer um parece grande.

O mal tornou-se banal ao ponto do normal tornar-se extraordinário. O bem é escândalo. A facilidade com que se encaram corpos lacerados no meio da rua entre a sobremesa e o café, voyeurismo de fazer audiências, contrapõe-se ao louvor exacerbado com que elevamos a heróis quem nada mais faz do que aquilo que julga ser o certo a fazer. Vamo-nos medindo pelo que não temos, pelo que não conseguimos, pelo que não somos e é por essa medida, mais vazia que cheia, que nos observamos uns aos outros. É a nossa incapacidade, a nossa conivência, a nossa preguiça e a nossa indiferença que faz heróis. A nossa pequenez, o seu heroísmo.

(a propósito disto)

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